Patologia Bucal

 

Doenças da boca

Na boca do povo
Da incômoda afta ao temido câncer, saiba quais são as doenças que afetam o seu sorriso e sua saúde bucal. E aprenda por que é tão importante incluir as visitas ao dentista entre os exames obrigatórios do check-up anual

POR EULINA OLIVEIRA
FOTO FERNANDO GARDINALI

Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de brasileiros (ou seja, 16% da população) nunca estiveram em um consultório odontológico. Talvez, por essa razão, muita gente ainda acredite que os problemas bucais estejam limitados apenas às cáries. A boca é o órgão do corpo humano mais exposto a processos infecciosos e traumáticos. “É uma cavidade úmida, escura, bastante vascularizada, sensível a alterações orgânicas internas e a variações de temperatura e repleta de microrganismos. Portanto, muito vulnerável a doenças”, explica Artur Cerri, presidente da Sociedade Paulista de Estomatologia e Câncer Bucal (Sope) e professor da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo.

São inúmeros os males capazes de afetar o sorriso de uma pessoa, especialmente dos mais desleixados. A falta de higiene e de cuidados essenciais com a limpeza dos dentes e de toda a cavidade bucal é a principal responsável por doenças que vão desde uma simples gengivite até tumores. Traumas e outros agentes externos também causam complicações. Dentes quebrados ou mal posicionados, restauração dentária em excesso e próteses e dentaduras que machucam provocam lesões e infecções crônicas.

Há ainda a possibilidade de medicamentos favorecerem o aparecimento de inflamações, como o que ocorre com o uso contínuo de drogas destinadas ao controle da pressão arterial e das crises de epilepsia.

A cavidade bucal não funciona apenas como alvo. Ela também serve de porta de entrada para levar encrenca a outras partes do corpo. Infecções crônicas da gengiva, por exemplo, podem danificar fígado e rins. Mas o grande perigo mesmo leva o nome de endocardite bacteriana, uma infecção das válvulas do coração que acomete com maior freqüência quem já apresenta danos no órgão. Por meio de abcessos na boca (acúmulo de pus causado por inflamações), agentes nocivos podem se alojar no coração e piorar o quadro, provocando até a morte. É por isso que pacientes cardíacos são orientados a tomar antibióticos antes de cada procedimento dentário. Esta atitude preventiva ajuda a diminuir os riscos dessa complicação.

Veja os principais sintomas, distúrbios e doenças que afetam a boca

AFTA
Também conhecida como estomatite aftosa, uma das doenças mais comuns da mucosa bucal, atinge cerca de 20% da população mundial, sobretudo jovens. São lesões dolorosas, múltiplas ou solitárias, que costumam incomodar por cerca de 18 dias. As aftas podem ser precedidas por ardência, coceira ou formigamento. As causas ainda não estão totalmente esclarecidas, mas suspeita-se que sejam relacionadas a predisposição genética, trauma, alergia, hormônios, estresse e doenças auto-imunes. O tratamento depende de cada caso. Não há cura, mas medicamentos específicos diminuem a sua freqüência e gravidade.BOCA SECA OU XEROSTOMIA
Com o avanço da idade, as glândulas salivares diminuem a produção, o que pode provocar secura na boca e, conseqüentemente, dificuldades para falar, mastigar e engolir alimentos. A saliva fica mais viscosa, espessa e espumosa e a língua arde – um quadro que também afeta a sensibilidade do paladar. De acordo com o estomatologista Artur Cerri, o hábito de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas, além do uso de determinados medicamentos, como antidepressivos e anti-hipertensivos, também contribuem para a redução da salivação. Além do incômodo, este problema pode trazer conseqüências mais graves. “A saliva possui anticorpos com ação antibacteriana e antimicrobiana, por isso a redução de sua produção deixa a pessoa exposta a uma série de doenças”, alerta Artur Cerri. Remédios e até saliva artificial são alguns cuidados que ajudam a amenizar o distúrbio.

GENGIVITE E PERIODONTITE
A inflamação da gengiva (gengivite) é desencadeada pelo acúmulo da placa bacteriana, que se forma principalmente pela má higiene dos dentes. A região fica avermelhada, inchada e costuma sangrar. A simples remoção da placa bacteriana resolve o caso, mas se não for feita o quadro pode evoluir para periodontite. Isso ocorre a partir do momento em que as fibras e os tecidos que suportam a arcada dentária ficam comprometidos. Neste momento, sem intervenção de um especialista, há risco de perda de dentes. Vale lembrar que a predisposição genética é um fator relevante para o aparecimento.

HERPES
O herpes é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, causada pelo vírus herpes simples (VHS), que fica latente no organismo. Pode ser contraída pelo beijo e se manifesta em situações de baixa imunidade, exposição solar e, no caso das mulheres, durante a menstruação. São pequenas bolhas, que surgem geralmente nos lábios e duram, em média, duas semanas. “Todos têm contato com o VHS na infância, mas a maioria desenvolve resistência a ele”, diz o estomatologista Carlos Eduardo Ribeiro da Silva. “Não existe cura para o herpes. Porém, medicamentos antivirais conseguem amenizar os sintomas e acelerar o desaparecimento das bolhas”, garante.MUCOCELE
Comum em crianças, trata-se de uma lesão em forma de bolha, localizada geralmente no lábio inferior, causada pelo entupimento das glândulas salivares. “Muitas crianças têm o hábito de mordiscar o lábio, o que acaba causando a mucocele”, explica o estomatologista Francisco Pacca, da USP, Unisa e Unicastelo. “Normalmente, é necessária cirurgia para a remoção deste tipo de lesão.”

HALITOSE
Termo da medicina para o conhecido mau hálito, pode ter mais de 50 causas. No entanto, segundo o estomatologista Carlos Eduardo Ribeiro da Silva, 90% delas estão relacionadas ao estado em que se encontra a boca. Diferentemente do que a maioria das pessoas acredita, pouquíssimos casos têm origem no estômago. “Basicamente, a halitose é provocada por falta de higienização ou limpeza inadequada, sobretudo da língua”, afirma o especialista. O acúmulo de alimentos forma placas brancas de origem bacteriana na superfície da língua – a chamada saburra lingual. Ali, mais de 700 microrganismos passam a produzir compostos sulfurados voláteis que liberam enxofre, gás responsável pelo odor desagradável. “Para prevenir este mal, é preciso manter uma higiene completa. A escova de dentes pode ser usada para limpar a língua, embora também existam à disposição raspadores linguais, vendidos em farmácias”, orienta o especialista.

Atenção ao câncer bucal
O Brasil é o quinto país do mundo em incidência de câncer de boca, o que inclui os tumores malignos de lábios e da cavidade oral. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, este é o oitavo tipo de câncer mais freqüente nos homens e o nono entre as mulheres. E, segundo as projeções para 2005, até o final do ano serão registrados no país mais 9.985 novos casos envolvendo o sexo masculino e 3.895 o feminino.O estomatologista Jayro Guimarães Jr. explica que 95% desses tumores se desenvolvem na forma de carcinoma epidermóide. “Ou seja, aparecem como uma ferida que nunca cicatriza e cresce progressiva e rapidamente, infiltrando-se nos tecidos vizinhos”, explica. O tratamento é feito por meio de cirurgia para retirada do tumor, podendo ser empregadas radioterapia e quimioterapia. Como em outros tipos de lesões cancerígenas, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de sobrevida. O grande problema, segundo o estomatologista Artur Cerri, é que há poucas campanhas de prevenção contra o câncer de boca e as pessoas costumam procurar ajuda muito tarde. “Cerca de 85% dos casos são descobertos em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e cura. Resultado: 50% dos pacientes morrem em um ano após o diagnóstico”, lamenta o especialista.

O principal agente causador do câncer na cavidade bucal é o cigarro, mas o álcool tem efeito potencializador. Nos lábios, o tumor maligno também pode ser desencadeado pela exposição ao sol sem o uso de protetores contra os raios ultravioleta, especialmente em pessoas de pele e olhos claros.

As principais formas de prevenção, portanto, são parar de fumar, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e usar filtro solar labial. Outra recomendação é ficar atento às feridas na região que demorem mais de 15 dias para cicatrizar. Não quer dizer que necessariamente sejam câncer, mas é preciso investigar. Ao notar qualquer lesão suspeita, procure um médico ou estomatologista.

CANDIDÍASE
Conhecida como ‘sapinho’, esta doença é causada por fungos e manifestada pela formação de manchas brancas e avermelhadas pela cavidade bucal (como no palato) ou feridas no canto da boca. Estes sinais atingem qualquer lugar da cavidade oral e normalmente não causam dor. A candidíase geralmente é desencadeada em situações em que há queda na resistência do organismo. O tratamento é simples e requer apenas aplicação de remédios antifúngicos.MONONUCLEOSE
A mononucleose, causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB), é mais conhecida como ‘doença do beijo’, pois esta seria a principal forma de transmissão. Depois de um período de incubação de 30 a 45 dias, o vírus tende a permanecer para sempre no organismo da pessoa. Pode ser assintomática ou apresentar sintomas que incluem fadiga, dor de garganta, tosse, inchaço dos gânglios, perda de apetite, inflamação do fígado e hipertrofia do baço. Na boca, freqüentemente aparecem pequenos pontos avermelhados na região do palato (céu da boca). Não há tratamento para a doença. Para amenizar os sintomas, utilizam-se analgésicos, antitérmicos e, se necessário, medicamentos contra enjôo.

GRANULOMA GRAVÍDICO
Durante a gestação, por causa da ação dos hormônios femininos, a gengiva feminina se torna mais suscetível a inflamações, podendo sangrar e provocar mau hálito. Esse tipo de gengivite é chamado de granuloma gravídico e requer tratamento odontológico.

SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL
Ou simplesmente SAB, é uma alteração da sensibilidade da mucosa da boca, caracterizada por ardência, dor ou sensação de coceira. A língua, principalmente em sua região anterior, é o local mais atingido. “Normalmente, a síndrome atinge pessoas acima de 50 anos. As causas ainda não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que o seu aparecimento esteja associado à depressão”, explica Francisco Pacca.

O espelho do organismo
Além de ser afetada por muitas doenças, a boca também pode denunciar a presença delas. “Não é à toa que os chineses têm o costume de examinar a língua das pessoas para detectar possíveis males. A cavidade bucal funciona como um espelho do organismo, capaz de denunciar desde sinais e sintomas de desnutrição e distúrbios alimentares até aids e câncer sangüíneo”, conta o estomatologista Carlos Eduardo Ribeiro da Silva, professor da Unisa e da Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), de São Paulo.

A importância dessa região é tanta que, pouca gente sabe, existem atualmente especialistas em saúde bucal chamados de estomatologistas. Apesar da semelhança do nome, a estomatologia é uma área da odontologia que nada tem a ver com o estômago. O termo vem do grego estoma, que significa boca, e logos, que é conhecimento. Trata-se de uma ciência que estuda a anatomia da boca e todos os seus sinais e manifestações.

O universo do tema é grande e complexo. Probleminhas aparentemente simples, como as aftas, podem estar relacionados a males mais graves e precisam de atenção especial. Acredita- se que doenças auto-imunes, caracterizadas pela formação de anticorpos que agem contra os próprios tecidos do organismo e cujas causas ainda são desconhecidas, sejam responsáveis pela formação dessas feridinhas incômodas. E não pára por aí. “Um diabetes sem controle pode provocar infecções bucais, assim como infecções nessa região são capazes de descontrolar a doença”, explica Jayro Guimarães Jr., professor de estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP).

DIGA AAAAAAA!
Conheça a anatomia e a função da boca e das estruturas associadas a ela

Quando totalmente aberta, a boca tem formato oval e é dividida em duas partes pelos arcos dentais. Na região superior da cavidade oral está o palato (céu da boca); na inferior, a língua e a base (o assoalho) bucal; e, nos lados, os dentes, gengivas e paredes limitadas pelas bochechas e pelos ossos maxilares.

A língua, um músculo grosso recoberto por uma mucosa com diversas granulações e riscos finos, é o órgão responsável pelo sentido do gosto – o que é possível graças à presença das papilas gustativas localizadas em toda a superfície. Cada parte identifica um tipo de sabor: o gosto amargo é sentido na base da língua; o doce na ponta; o ácido na ponta e nas bordas; e o salgado em toda a superfície.

Todas essas estruturas juntas não formam somente a abertura superior do tubo digestivo, mas o órgão responsável pelo início da digestão.

Por meio da mastigação, os dentes cortam os alimentos em partes menores. Enquanto isso, as glândulas salivares lançam na cavidade bucal a saliva, que umedece a região e amolece a comida. Este líquido contém a enzima ptialina, que atua sobre os carboidratos complexos, transformando-os em moléculas mais simples. Em seguida, os alimentos são empurrados pela língua para o fundo da faringe. No ser humano, a língua e os dentes participam ainda da articulação das palavras, sons e da linguagem.

PIERCING NA LÍNGUA: UM PERIGO
Uma pesquisa coordenada pelo estomatologista Artur Cerri na Universidade de Santo Amaro (Unisa) revelou que o uso de piercing na língua, moda entre os jovens, causa desde infecções simples até câncer. Entre os principais problemas provocados pelo acessório estão o mau hálito, hemorragias, inflamações, feridas e a perda de paladar. Além disso, a colocação do ornamento em clínicas que não seguem os padrões de higiene pode levar o usuário a contrair hepatite e até aids. “Há relatos ainda de endocardite bacteriana, encefalite, fratura nos dentes, tétano e absorção óssea”, afirma o estomatologista Carlos Eduardo Ribeiro da Silva, que também participou do estudo.”Há um caso conhecido na Inglaterra de uma mulher que morreu por causa da perfuração de uma artéria durante a colocação do piercing”, acrescenta. Os resultados da pesquisa foram obtidos por meio de biópsias realizadas nos locais onde os adornos foram aplicados. Todos os casos analisados apresentam algum tipo de alteração celular.
 

Recomendações básicas
Se você ficou de boca aberta com tudo isso, saiba que, por outro lado, as formas de prevenir e tratar todas essas doenças que direta ou indiretamente envolvem a área bucal não devem provocar espanto ou surpresa.

As recomendações são simples, mas devem ser seguidas à risca. O primeiro passo é investir no bem-estar geral do organismo. “É importante manter uma vida saudável e incorporar ao dia-a-dia regras como controlar o colesterol e a glicose no sangue, não fumar, evitar bebidas alcoólicas e ter uma alimentação balanceada, voltada especialmente para a redução do consumo de açúcar”, aconselha o especialista Artur Cerri. Além disso, a higienização dos dentes, gengivas e inclusive da língua tem de ser completa e cuidadosa, com escovação e uso de fio dental, especialmente à noite.

Quanto à aplicação de anti-sépticos bucais, só mesmo mediante recomendação do dentista. “Sem a orientação de um especialista, esses produtos podem escurecer a arcada dentária, provocar perda da capacidade gustativa e até feridas no local. Há também chance de atacarem as bactérias boas que vivem na boca, expondo a região à ação de microrganismos nocivos e oportunistas”, alerta Cerri.

Finalmente, a orientação dos especialistas é para que todos, inclusive crianças, visitem regularmente o dentista, de preferência a cada seis meses. Só assim, lançando mão de todos esses cuidados, você terá ainda mais motivos para sorrir.

INVISTA NO AUTO-EXAME

     
1. Antes de começar: lave bem a boca e retire próteses dentárias removíveis, se for o caso. De frente para o espelho, observe a pele do rosto e do pescoço. Veja se encontra algum sinal que não tenha notado antes. Toque suavemente com as pontas dos dedos toda a face. 2. Com os dedos, puxe o lábio inferior para baixo, expondo a sua parte interna (mucosa). Em seguida, apalpe-o. Agora, repita o exame com a parte labial superior. 3. Com a ponta do dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a sua parte interna. Faça essa observação dos dois lados.
4. Ainda com a ponta do dedo indicador, percorra todos os pontos da extensão da gengiva. 5. Introduza o dedo indicador por baixo da língua e o polegar da mesma mão por baixo do queixo. Em seguida, procure tocar todo o assoalho (a base) da boca. 6. Incline a cabeça para trás e, abrindo a boca o máximo possível, examine atentamente a região do palato (céu da boca). Explore-o com o dedo indicador. Em seguida, diga AAAA e observe o fundo da garganta.
7. Ponha a língua para fora e observe a parte de cima dela. Repita a observação com a língua levantada até o céu da boca. Em seguida, puxe a língua para esquerda e depois para a direita. 8. Estique a língua para fora, segurando-a com um pedaço de gaze ou pano. Com os dedos indicador e polegar da outra mão, toque-a em toda a sua extensão. 9. Examine o pescoço. Compare os lados direito e esquerdo e veja se há diferenças entre eles. Depois, apalpe o lado esquerdo do pescoço com a mão direita. Repita o procedimento para o lado direito, com a mão esquerda. Veja se existem caroços ou áreas endurecidas. E, finalmente, introduza o polegar por debaixo do queixo e apalpe suavemente todo o seu contorno inferior.

FONTE: INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA), DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

BEIJO, SEXO, BOCA…
Essa combinação, sem cuidados de higiene e proteção, pode ser uma via de transmissão de inúmeras doenças. Afinal, as mucosas da boca e dos órgãos sexuais têm uma incrível capacidade de absorção e, se estiverem em contato com secreções, salivas, esperma e líquido vaginal contaminados, não é necessário nem a presença de feridas ou sangramento para que os microrganismos comecem a agir e desencadear os sintomas.A troca de beijos, por exemplo, pode favorecer o desenvolvimento de hepatite C, gengivite e até, acredite, de cárie e de algumas doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e infecção pelo vírus HPV (o papilomavírus, um dos principais responsáveis pelo câncer de colo de útero). Já o sexo oral também pode transmitir, além de sífilis e HPV, também gonorréia e herpes. Quanto ao vírus HIV, causador da aids, ainda não existem provas de que ele possa ser transmitido pelo sexo oral ou pelo beijo, mesmo no caso em que existam feridas na boca. “Em tese, isso seria possível, mas na prática é discutível. Normalmente, as pessoas não fazem apenas sexo oral”, comenta o especialista Artur Cerri.

A sífilis, causada pela bactéria Treponema pallidum, se manifesta na boca sob a forma de feridas, que aparecem cerca de três semanas após a transmissão e podem ser confundidas com herpes. A língua também costuma aumentar de tamanho e mudar o formato. O HPV, por sua vez, provoca verrugas e, em determinados casos, pode estar relacionado ao câncer de boca. Já a gonorréia é originada pela bactéria Neisseria gonorrhea, que provoca inflamações bucais.

 

HABITANTES DA CAVIDADE BUCAL
A boca serve de moradia para mais de 700 tipos de microrganismos diferentes. Para se ter uma idéia do tamanho da comunidade, em apenas um mililitro de saliva existem em torno de um a cinco bilhões de bactérias. Esses seres estranhos foram observados pela primeira vez no final do século 17, na Holanda, por Antony van Leeuwenhoek, um dono de armarinho que, por esta e outras descobertas, hoje é considerado o pai da bacteriologia. De acordo com artigo publicado pelo oncologista Dráuzio Varella, o hobby do holandês na época era explorar os recursos do recém-inventado microscópio e, após examinar a placa aderida a seus dentes da frente, ele teria ficado surpreso com a existência do que chamou de milhares de “pequenos animais”.

Hoje, os pesquisadores continuam interessados nesses minúsculos organismos e querem saber mais detalhes sobre cada um deles. O Instituto de Pesquisas Dentárias e Craniofaciais, de Rockville (EUA), por exemplo, iniciou em 2004 um estudo para catalogar, em três anos, todos os genes dos germes existentes na boca. O projeto pretende identificar 40 mil genes característicos das populações de microrganismos que se instalam e convivem nas diversas regiões da cavidade oral. O objetivo é descobrir as fragilidades dos agentes patogênicos (que causam doenças) e aqueles que oferecem proteção à mucosa oral e à dentição. A partir daí, bactérias inofensivas poderão ser modificadas geneticamente para eliminar as causadoras de cáries e outras doenças da boca.

 

Descrição de Algumas Patologias  

  • Candidíase – Lesão branca é causada pela Cândida Albicans, a manifestação bucal é variável, sendo observadas várias formas, onde a forma mais comum é a pseudomembranosa, a maioria das infecções por Cândida Albicans pode ser tratada apenas por aplicações tópicas da suspenção de nistatina. Seus pontos preferidos de localização são mucosa jugal, fundo de sacos vestibulares, orofaringe.

 

  • Sífilis – É causada  pelo Treponema pallidum, é dividida em fases, primária, secundária e terciária, a sífilis primária resulta de uma úlcera dura, indolor e de bordas elevadas, a localização em geral é na genitália, a sífilis secundária é caracterizada por erupções maculopapulosa, a sífilis terciária é caracterizada pelas Gomas e é a neurosífilis. No tratamento a droga prferêncial é a penicilina. A sífilis congênita é caracterizada pela reação inflamatória da córnea, surdez do nervo auditivo e anomalias dentárias que consistem em incisivos em forma de chave de fenda e molares em  forma de amora.

 

  • Tuberculose – É causada pelo Mycobacterium tuberculosis, a infecção se dissemina através de gotículas pelo ar, algumas características são tosses, hemoptise, dor torácica, a lesão microscópica básica é a inflamação granulomatosa, a tuberculose é dividida em duas fases: fase primária – o paciente provavelmente não apresenta sintomas, já a fase secundária – aparecem sinais e sintomas.

 

  • Herpes simples – A via típica de inoculação é o contato físico com uma pessoa infectada, na fase primária apenas uma pequena porcentagem de pessoas apresenta sinais e sintomas da doença, um fator importante no tratamento do HSV é o momento exato, a liberação assintomática de partículas virais intactas na saliva e em outras secreções de uma pequena porcentagem de pessoas infectadas previamente, a reativação do vírus pode seguir-se à exposição ao sol e ao frio.

 

  • Herpes Zoster – A reativação do VZV latente é rara, a infecção primária é conhecida como varicela, a doença secundária ou a reativação do vírus latente, é conhecida como zoster, a varicela é usualmente diagnosticada pelo quadro clínico, o zoster é basicamente uma condição que afeta a população adulta de mais idade e pessoas com respostas imunológicas alteradas.

 

  • Gengivite ulcerativa necrosante aguda (GUNA) – Apresenta um quadro clínico de dor, necrose das margens gengivais, é uma condição relativamente rara, o estresse emocional e o fumo têm sido implicados como fator predisponente na iniciação da doença, pode causar perda óssea, a infecção pode envolver a mucosa do palato mole ou tonsilas.

 

  • Lesões benignas oriundas de melanócito – Os melanócitos se deslocam para as superfícies epiteliais e se alojam entre as células basais, são encontrados em toda a mucosa da boca, mas passam  despercebidos por causa da produção relativamente reduzida de pigmento,as células que produzem a melanina, no caso,os melanócitos tem sua origem  embriológica na crista neural, a pigmentação bucal pela melanina varia entre o castanho, o negro e o azul. A célula do nevo,aparentada fisiologicamente ao melanócito,também é responsável por outras lesões neoplásicas benignas e malignas.

 

  • Pigmentação Fisiológica – è um tipo de pigmentação simétrico e persistente e não altera a arquitetura normal, como granulado gengival, pode ser encontrada em qualquer localização, embora a gengiva seja o tecido intrabucal mais comumente afetado. A pigmentação fisiológica é devida não ao aumento de do número de melanócitos, mas ao aumento de sua atividade. A melanina é encontrada à volta dos ceratinócitos e dos macrófagos subjacentes.
    Doença de Addison – pigmentação cutânea difusa, efélides bucais e insuficiência adrenocortical.

 

  • Melanose associada ao fumo – A pigmentação melânica anormal da mucosa bucal tem sido ligada ao cigarro e pode ser denominada melanose associada ao fumo ou melanose do fumante. A gengiva labial anterior é a região tipicamente mais afetada. A pigmentação do palato e da mucosa bugal tem sido associada ao uso do cachimbo. Os melanócitos apresentam aumento da produção de melanina, conforme evidenciado pela pigmentação dos ceratinócitos basais adjacentes. Com a abolição do fumo, a melhora é esperada no decurso de meses ou anos.

 

  • Efélides (sardas) – São pequenas máculas comuns de cor castanho-amarelada ou castanha. Aparecem durante a meninice e são encontradas nas áreas cutâneas expostas ao Sol. Elas escurecem com a exposição à luz ultravioleta, e tornam-se mais claras no período de não exposição. Quando as sardas, assim como máculas pigmentadas maiores são observadas em excesso e em disposição bucal e peribucal, devem ser consideradas a Síndrome de Peutz-Jeghers e a doença de Addison. Não existe tratamento para esta lesão, sua importância é insignificante, a menos que esteja associada com síndromes.

 

  • Lentigem – São máculas cutâneas castanhas, maiores do que as sardas, associadas usualmente à exposição solar e ao envelhecimento. São mais comuns em pessoas de meia idade e mais idosas. Essas lesões apresentam melanócitos em número aumentado. Os ceratinócitos basais, subseqüentemente, mostram quantidades aumentadas de melanina. As lentigens não possuem potencial maligno e sua significação é apenas estética.

 

  • Máculas de café-com-leite – São manchas cutâneas grandes e de cor castanha. Podem ocorrer como parte da síndrome de Albright ou da neurofibromatose. Essas lesões aparecem durante a meninice e tem um aspecto castanho uniforme, com margens irregulares. A presença de seis ou mais manchas de “café-com-leite” é considerada, em geral, como sinal altamente suspeito de neurofibromatose. Essas lesões não precisam de tratamento, à menos que interfiram com a estética, ou ligado à síndromes.

 

  • Mácula melanótica bucal – è uma lesão pigmentada focal que pode representar uma dentre várias condições. A ocorrência de máculas melanóticas tem sido descrita predominantemente no vermelhão dos lábios e na gengiva, embora possam aparecer em qualquer parte da mucosa. São assintomáticas e não tem potencial maligno, aparentemente. Essas pigmentações bucais devem ser diferenciadas dos melanomas superficiaisem início. Abiópsia pode ser necessária para estabelecer o diagnóstico definitivo dessa lesão.

 

  • Vitiligo – É o processo caracterizado pela despigmentação, no qual os melanócitos desaparecem dos tecidos afetados. Fatores precipitantes: estresse, trauma, agentes químicos, alterações hormonais e luz ultravioleta. É uma doença que afeta predominantemente a pele, mas podem envolver os tecidos da boca e peribucais. O curso clínico do vitiligo é protraído e imprevisível. As manchas acrômicas variam de tamanho entra alguns milímetros e vários centímetros.

 

  • Mácula melanótica oral – É uma pigmentação plana e marrom da mucosa produzida pelo aumento localizado na deposição da melanina e, possivelmente, do número de melanócitos. Ocorre em qualquer idade, tanto em homens, quanto em mulheres, mas existe uma predileção pelo sexo feminino. A lesão típica aparece como uma mácula oval ou redonda. É caracterizada por um aumento da quantidade de melanina na camada basal e parabasal de um epitélio escamoso estratificado que não apresenta outros aspectos de anormalidade. A zona do vermelhão do lábio inferior é o local mais comum de ocorrência.

 

  • Nevo melanócito adquirido – É uma proliferação benigna e localizada de células originadas da crista neural, freqüentemente chamadas de “células névicas”. Evoluem através de vários estágios clínicos. Os nevos melanocíticos benignos adquiridos começam a se desenvolver n a pele durante a infância. A maioria das lesões está distribuída acima da cintura, e a cabeça e o pescoço são os locais de envolvimento mais comuns. Os nevos melanocíticos intra orais são distintamente incomuns. A maioria surge no palato ou na gengiva, embora qualquer local da mucosa bucal possa ser afetado.

 

  • Melanoma – É um neoplasma maligno de origem melanocítica, que surge de uma lesão melanocítica benigna ou de novo de melanócitos da pele ou mucosa, que seriam, de outra forma, normais. Características clínicas: assimetria, bordas irregulares, coloração em matizes, e diâmetro maior que seis milímetros. Os danos causados por radiação ultravioleta são considerados o principal agente causador. Os melanomas podem ser divididos em quatro tipos: melanoma superficial disseminante, melanoma nodular, melanoma lentinoso maligno, melanoma lentinoso das extremidades. O melanoma é o terceiro câncer de pele mais comum, e responsável por 5% das malignidades cutâneas.

 

  • Carcinoma de células escamosas – Sua causa é multifatorial. Há fatores extrínsecos que incluem os agentes externos, como o fumo de tabaco, álcool, sífilis e raios solares; os fatores intrínsecos incluem os estados sistêmicos ou generalizados. Muitos carcinomas de células escamosas bucais têm sido documentados associados com ou precedidos por lesão pré-cancerígena, especialmente a leucoplasia. O carcinoma de células escamosas bucal tem uma apresentação clínica cariada: exofíticas, endofíticas, leucoplásicas, eritroplásicas e eritroleucoplásicas. O carcinoma do vermelhão dos lábios é normalmente encontrado em pessoas de pele clara que se expõem por muito tempo a radiação ultravioleta dos raios solares ou com dano agudo pelo Sol precocemente na vida. Está normalmente associado à queilose actínica. O carcinoma intra-oral tem sua localização mais comum na língua, geralmente nas superfícies ventral e lateral posterior. O carcinoma orofaríngeo tem em sua grande maioria a localização na área tonsilar ou no palato mole, os sintomas iniciais são normalmente dor ou dificuldade ao engolir (disfagia). A disseminação metastática do carcinoma de células escamosas bucal ocorre largamente através dos linfáticos para os linfonodos ipsilaterais cervicais. O tamanho do tumor e a extaensão da disseminação metastática do carcinoma de células escamosas bucal são os melhores indicadores do prognóstico do paciente. Os pacientes com um carcinoma na boca ou na garganta tem maior risco de desenvolver outras malignidades primárias do epitélio de superfície simultâneas ou posteriores no trato digestivo superior; esôfago, estômago, pulmões, e outros locais (carcinomas múltiplos).

 

  • Carcinoma verrucoso – É uma variante de baixo grau do carcinoma de células escamosas bucal. Muitos carcinomas verrucosos surgem na mucosa bucal de pessoas que cronicamente mascam o tabaco ou usam rapé, tipicamente em áre4as onde o tabaco costuma ser colocado. Leucoplasia ou ceratose da bolsa de tabaco podem ser observadasnas superfícies mucosas adjacentes; o carcinoma verrucoso é uma lesão que pode se desenvolver de uma lesão pré cancerígena de alto risco, a leucoplasia verrucosa proliferativa. O carcinoma verrucoso tem uma aparência microscópica enganosamente benigna. O carcinoma verrucoso constitui de1 a10 % dos carcinomas de células escamosas bucais. O carcinoma verrucoso bucal já é extenso na época do diagnóstico, não sendo incomum um tumor estar presente na boca por dois a três anos antes do diagnóstico definitivo.

 

  • Leucoplasia idiopática – É um termo clínico que indica uma mancha ou placa branca na mucosa bucal, muitos casos de leucoplasia estão relacionados etiologicamente com o uso do tabaco em suas diferentes formas: não há dúvida de que certas leucoplasias evoluem para o carcinoma espinocelular; a leucoplasia é uma condição encontrada na população de mais idade, com a grande maioria dos casos ocorrendo acima dos quarenta anos, a língua era o local mais comum da leucoplasia, embora estudos mais modernos revelem que a língua é uma das localizações menos comuns. A mucosa mandibular e a mucosa jugal representam quase a metade dos casos de leucoplasia. A leucoplasia pode variar de uma área branca indefinida, dificilmente visível, sobre uma base de tecido não inflamado de aspecto normal, a uma lesão branca, espessada, coiácea, fissurada e verrucosa. Uma forma de leucoplasia idiopática apresenta certas características que podem distingui-la da leucoplasia dos fumantes, ela é caracterizada por sulcos, fissuras ou rugas na superfície, limites nítidos e ausência de endurecimento. Para o tratamento o primeiro passo no controle da leucoplasia envolve a identificação dos fatores etiológicos.

 

  • Eritroplasia – É um termo clínico que se refere a uma área vermelha na mucosa bucal, a eritroplasia é encontrada com muito menos freqüência que a leucoplasia, entretanto deve ser considerada como lesão mais séria, é usualmente flexível a palpação, embora nas lesões invasivaspossa notar-se certo endurecimento. Na biópsia aproximadamente 90% das eritroplasias mostram pelo menos uma alteração displásica acentuada, cerca de metade das quais é de carcinomas espinocelulares invasivos, e 40% de displasias graves ou carcinomas in situ. O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica.

 

  • Carcinoma espinocelular – Em relação à incidência de todos os cânceres, os carcinomas espinocelulares da boca e da orofaringe representam cerca de 4% do total nos homens e 2% nas mulheres. De todos os fatores que se acredita contribuírem para a etiologia do câncer da boca, o tabaco é considerado o mais importante. Algumas características clínicas: carcinoma dos lábios, os carcinomas do lábio inferior devem ser separados dos carcinomas do lábio superior. Os carcinomas do lábio inferior são muito mais comuns que os do lábio superior, os carcinomas do lábio inferior são causados, na maioria das vezes, por hábito de fumar cachimbo e raios ultravioletas. As lesões ocorrem no vermelhão do lábio e podem aparecer como úlceras crônicas que não cicatrizam. Carcinoma da língua é uma lesão maligna intrabucal mais comum, há uma predileção nítida para os homens que se encontram na sexta, sétima e oitava décadas de vida; é tipicamente assintomático, o aspecto clínico característico é o de uma úlcera que não cicatriza, endurecida de bordas elevadas. Carcinoma do assoalho de boca é a segunda localização mais comum dos carcinomas espinocelulares, o aspecto é o de uma ulcera indolor, que não cicatriza, endurecida. Ele também pode aparecer como placa branca ou vermelha. Carcinoma da mucosa jugal e da gengiva – as lesões da mucosa jugal e da gengivarepresental, cada uma, cerca de 10% dos carcinomas espinocelulares da boca. O aspecto clínico varia de uma placa branca a uma úlcera que não cicatriza e a uma lesão exofítica. Carcinoma do palato – a separação entre os cânceres do palato duro, e os do palato mole é justificada. No palato mole e nos tecidos contíguos das fauces, o carcinoma espinocelular é bastante comum, representando10 a20% das lesões intrabucais. Mistopatolia – a maioria dos carcinomas espinocelulares é de lesões bastante ou moderadamente diferenciadas. Geralmente são evidentes pérolas de ceratina e ceratinização individual das células. O tratamento é geralmente feito por cirurgia ou radiação, ou ambas. O prognóstico para os pacientes com carcinoma espinocelular da boca depende do subtipo histológico e da extensão clínica do tumor.

 

  • Carcinoma do seio maxilar – As lesões malignas dos seios paranasais ocorrem mais comumente no seio maxilar. Esta é uma doença da idade mais avançada, afetando predominantemente pacientes com mais de 40 anos. A história pregressa desses pacientes inclui freqüentemente sintomas de sinusite. Dos tumores malignos que se originam do seio maxilar, o carcinoma espinocelular é o tipo histológico mais comum. São tratados também com cirurgia e radiação.

 

  • Grânulos de Fordyce – São glândulas sebáceas que ocorrem na mucosa oral, apresentam-se como múltiplas lesões papulares amareladas ou branco-amareladas, mas comuns na mucosa jugal e na porção lateral do vermelhão do lábio superior. As lesões são assintomáticas, embora os pacientes possam sentir uma rugosidade na mucosa; os grânulos de Fordyce são muito semelhantes às glândulas sebáceas normais encontradas na pele. Como é considerado em uma variação anatômica normal e são assintomáticas, nenhum tratamento é indicado.

 

  • Leucoedema – É uma condição comum da mucosa jugal de causa desconhecida, caracteriza-se pela aparência difusa opalescente, leitosa, branco-acizentada da mucosa. Freqüentemente, a superfície aparece pregueada, resultando em estrias esbranquiçadas ou rugosas. As lesões não são removidas por raspagem, geralmente ocorre na mucosa jugal e pode estender-se para a mucosa labial. Histopatologicamente, os espécimes de biópsia do leucoedema revelam o aumento da espessura do epitélio, com edema intracelular da camada espinhosa. O leucoedema é uma condição benigna, e nenhum tratamento é necessário.

 

  • Anquiloglossia – A anquiloglossia pode apresentar manifestações clínicas variáveis, desde casos leves e de pouco significado clínico até os casos mais raros e graves de anquiloglossia completa, na qual a língua está, na verdade, fusionada ao assoalho da boca. Tem se sugerido que a língua presa possa resultar em defeitos de fonação. Como muitos casos de anquiloglossia provocam poucos ou nenhum problema clínico, o tratamento é muitas vezes desnecessário.

 

  • Língua geográfica – É uma condição benigna comum que afeta principalmente a língua. Geralmente, ele é detectado no exame clínico de rotina da cavidade bucal, sua etiopatologia continua desconhecida. As lesões características são observadas nos dois terços anteriores da superfície dorsal da língua. Elas se apresentam Como múltiplas áreas bem demarcadas de eritema, concentradas na ponta ou nas bordas laterais da língua. Atrofia das papilas filiformes, e essas áreas atróficas tipicamente são parcialmente circundadas por bordas amarelo-esbranquiçadas, recortadas ou circundadas e discretamente elevada. Freqüentemente, os pacientes com língua fissurada também são afetados pela língua geográfica. Geralmente não é indicado nenhum tratamento.

 

  • Língua fissurada – É relativamente comum. Numerosas fendas ou fissuras estão presentes na superfície dorsal da língua. Clinicamente a língua fissurada apresenta múltiplas fendas ou sulcos na superfície da língua, variando de2 a6 milímetrosde profundidade. De fato, tem sido sugerido que a língua geográfica pode causar língua fissurada, a qual também pode manifestar-se na síndrome de Melkerson-Rosenthal. A língua fissurada é uma condição benigna, não sendo indicado nenhum tratamento específico.

 

  • Língua pilosa – É caracterizada por acentuado acúmulo de ceratina nas papilas filiformes da superfície dorsal da língua, que resultam numa aparência semelhante a cabelos. Fatores associados com a língua pilosa: fumantes inveterados, higiene bucal deficiente, radioterapia, proliferação de bactérias ou fungos, A língua pilosa é mais comum na linha média anterior às papilas circunvaladas, espalhando-se para as bordas laterais e anteriores, as papilas alongadas comumente são castanhas, amarelas ou negras, como resultado do crescimento de bactérias cromogênicas, pigmentos do tabaco ou alimentos é comumente assintomático, apesar de alguns pacientes reclamarem de náuseas e gosto ruim na boca. A língua pilosa é uma condição benigna, sem seqüelas importantes. Geralmente o maior problema é a aparência.

 

  • Varicosidades – São veias anormalmente dilatadas e tortuosas, a idade parece ser um fator etiológico importante, porque as varizes são raras em crianças, porém comumem idosos. Otipo mais comum de varicosidade oral é a variz sublingual, que ocorre em 2/3 da população com mais de 60 anos de idade. Com freqüência, ocorrem as varizes solitárias em outras regiões da boca, especialmente nos lábios e na bochecha. As varicosidades sublinguais são caracteristicamente assintomáticas, e nenhum tratamento é indicado.

 

  • Líquen plano – É uma doença mucocutânea inflamatória crônica bastante comum. Foi descrito clinicamente pela primeira vez, por Wilson. As células epiteliais basais são o alvo principal no líquen plano. O líquen-plano é uma doença da meia idade que afeta homens e mulheres quase que igualmente. As crianças raramente são afetadas. A gravidade da doença é paralela ao grau de estresse do paciente. O líquen-plano em forma de placa tende a se assemelhar clinicamente à leucoplasia, com distribuição multifocal. As placas variam geralmente entre ligeiramente elevadas e lisas a levemente irregulares. A localização principal desta variante é no dorso da língua e na bochecha. A forma atrófica pode ser encontrada juntamente com a variantes reticular ou erosiva, quase sempre é sintomática, com os pacientes queixando-se de ardência na área envolvida. Na forma erosiva a superfície geralmente é irregular e acentuadamente eritematosa, e pode sangrar à menor provocação ou manipulação. A forma mais rar de líquen-plano é a variante bolhosa. Na pele o líquen-plano é caracterizado pela presença de pequenas pápulas violáceas, poligonais, planas, com predileção pelas superfícies flexoras. Nenhum tratamento local ou sistêmico específico é uniformemente eficaz no controle de líquen-plano.
  • Granuloma piogênico – É um cresciment0o comum da cavidade bucal semelhante a um tumor, considerado de natureza não-neoplásica. Considera-se que o granuloma piogênico representa uma resposta tecidual exuberante a uma irritação local ou trauma. Apesar deste nome, a lesão não é um granuloma verdadeiro. Clinicamente, apresenta-se como uma massa plana ou lobulada, usualmente pedunculada, embora algumas lesões sejam sésseis. Eles têm uma predileção pelo sexo feminino, possivelmente devido aos efeitos vasculares provocados pelos hormônios femininos. Epúlide granulomatosa é um termo usado para descrever crescimentos hiperplásicos de tecido de granulação que, algumas vezes, desenvolvem-se na cicatrização dos alvéolos após a extração. O tratamento dos pacientes com granuloma piogênico consiste em excisão cirúrgica conservadora da lesão, usualmente curativa.

 

  • Granuloma piogênico de células gigantes – É um crescimento semelhante a um tumor, relativamente comum na cavidade bucal. Ocorre exclusivamente na gengiva ou no rebordo alveolar edêntulo, apresentando-se como massa nodular vermelha ou vermelha-azulada. A maioria das lesões tem menos de dois centímetros de diâmetro, apesar de serem ocasionalmente observadas lesões maiores. Histopatologicamente o granuloma periférico de células gigantes mostra uma proliferação de células gigantes multinucleadas em meio de muitas células mesenquimais ovóides fusiformes. As células gigantes podem conter somente alguns núcleos ou até várias dúzias. O tratamento do granuloma periférico de células gigantes consiste na excisão cirúrgica local abaixo do osso subjacente.

 

  • Fibroma ossificante periférico – É um crescimento gengival relativamente comum, considerado de natureza mais reacional do que neoplásica. A patogênese destalesão é incerta. Ocorre exclusivamente na gengiva, apresentando-se como massa nodular, pedunculada ou séssil, que usualmente desenvolve-se na papila interdental. A cor varia de vermelho ao róseo e, freqüentemente, mas nem sempre, a superfície é ulcerada. A maioria das lesões tem menos que2 centímetros, embora ocasionalmente ocorram lesões maiores. O padrão microscópico básico do fibroma ossificante periférico é o de uma proliferação fibrosa, associada a formação de material mineralizado. O tratamento é a excisão cirúrgica local com encaminhamento do espécime para exame histopatológico.

 

  • Cisto dentígero – É definido como um cisto que se origina pela separação do folículo da coroa de um dente incluso. É o tipo mais comum de cisto odontogênico de desenvolvimento, compreendendo cerca de 20% de todos os cistos epiteliados dos maxilares. O cisto dentígero envolve a coroa de um dente incluso e está unido ao dente na junção amelo-cementária. Embora os cistos dentígeros possam estar associados com qualquer dente incluso, mais freqüentemente eles envolvem os terceiros molares inferiores. A relação cisto-coroa mostra variações radiográficas. Em um cisto dentígero inflamado, razoavelmente comum, a cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico de células inflamatórias é variável. O tratamento usual para o cisto dentígero é a cuidadosa enucleação do cisto e remoção do dente incluso associado.

 

  • Cisto odontogênico – É uma forma distinta de cisto odontogênico de desenvolvimento que requer considerações especiais por causa do seu comportamento clínico e aspectos histológicos específicos. Os ceratocistos odontogênicos pequenos comumente são assintomáticos, somente sendo descobertos durante um exame radiográfico. Os ceratocistos odontogênicos maiores podem estar associados a dor, tumefação ou drenagem. Entretanto, alguns cistos extremamente grandes podem ser assintomáticos. Muitos ceratocistos odontogênicos podem estar presentes, e os pacientes devem ser avaliados para outras manifestações da síndrome do carcinoma nevóide de células basais (Gorlin). Os ceratocistos odontogênicos apresentam área radiotransparente bem definida com margens regulares e, freqüentemente, corticadas. O diagnóstico do ceratocisto odontogênico é baseado nos aspectos histopatológicos. Mesmo que a presença de um ceratocisto odontogênico seja suspeitada no exame clínico u radiográfico, a confirmação histopatológica é necessária para o diagnóstico.

 

  • Síndrome do carcinoma nevóide de células basais (Gorlin) – É hereditária autossômica dominante, com alta penetrância e expressividade variável. É causada por mutações no patched, um gene supressor de tumor mapeado no cromossomo 9q22.3-q31. Os principais componentes são múltiplos carcinomas de células basais, ceratocistos odontogênicos, anomalias das costelas e vértebras bem como calcificações intracranianas. Há uma grande variabilidade na expressividade da síndromedo carcinoma nevóide de células basais, e não existe um componente que esteja presente em todos os pacientes. Os carcinomas de células basais da pele são os maiores componentes da síndrome. Geralmente eles aparecem na puberdade ou na segunda ou terceira décadas da vida, mas podem mas podem se desenvolverem crianças. Amaioria das anomalias na síndrome do carcinoma nevóide de células basais são menores e usualmente são ameaçam a vida. O prognóstico geralmente depende do comportamento da pele.

 

  • Hemangiomas – A denominação de “hemangioma” é usada aqui em sentido geral para abrangir uma variedade de neoplasias, hamartomas, mal formações vasculares que aparecem predominantemente por ocasião do nascimento ou pouco depois. O hemangioma congênito, também conhecido como nevo em morango, geralmente aparece por volta da época do nascimento, porém pode não ser evidente senão na meninice. A síndrome Sturge-Weber, ou angiomatose trigêmeo-encefálica, é uma condição que inclui malformações vasculares. A lesão faciada associada, também conhecida como mancha de vinho ou nevo flâmeo, envolve a pele inervada por um ou mais ramos do nervo trigêmeo. As manchas de vinho também podem odorrer como lesões cutâneas isoladas, sem outros estigmas de Sturge-Weber. O defeito vascular da síndrome de Sturge-Weber pode estender-se para a boca e envolver a mucosa jugal e a gengiva. Também podem aparecer leões oculares. O diagnóstico diferencial incluiria a síndrome angio-ósteo-hipertrófica, caracterizada por malformações vasculares da face (manchas de vinho) varizes e hipertrofia óssea. A síndrome Rendu-Osler-Weber é uma condição rara caracterizada por dilatações vasculares anormais dos vasos terminais da pele, das mucosas e as vezes das vísceras. A variz venosa é uma dilatação vascular anormal. Histopatologicamente os hemangiomas congênitos são classificados microscopicamente em capilares e cavernosos, dependendo do tamanho dos espaços vasculares. Geralmente são evidentes no exame clínico. O tratamento das vasculares continua na cuidadosa abordagem cirúrgica.

 

  • Microdontia – Microdontia generalizada é o termo usado para indicar que todos os dentes na dentição aparecem menores do que o normal. Na realidade, os dentes podem ser mensuravelmente menores que o normal, como no nanismo pituitário, ou podem ser relativamente pequenos em comparação com uma mandíbula e maxila grandes. A microdontia focal ou localizada se refere a apenas um dente que é menor que o normal. Os incisivos laterais superiores são os quais a microdontia mais acomete, e o segundo microdente visto mais comumente é o terceiro molar superior, seguido pelos dentes supranumerários.

 

  • Macrodontia – A macrodontia generalizada é o termo utilizado para indicar a aparição de dentes aumentados, de lado a lado da dentição. A macrodontia focal ou localizada se refere a um dente ou grupo de dentes anormalmente grandes, comparados com os lados não afetado.

 

  • Geminação – A geminação é definida como uma tentativa de formar dois dentes a partir de um único órgão do esmalte. O resultado característico é a clivagem parcial, com a aparição de duas coaroas que partilham o mesmo canal radicular. Ocasionalmente, ocorre a clivagem completa ou gemelaridade, dando em conseqüência dois dentes a partir de um único germe.

 

  • Fusão – A fusão é definida com a união de dois germes dentários em desenvolvimento, dando em resultado uma única estrutura dentária grande. O processo de fusão pode envolver o comprimento inteiro dos dentes, ou pode envolver apenas as raízes, quando o cemento e a dentina são compartilhados. Os canais radiculares podem estar separados ou unidos.

 

  • Concrescência – A concrescência è uma forma de fusão na qual os dentes vizinhos já formados são unidos pelo cemento. A concrescência pode ocorrer antes ou depois da erupção dos dentes e admite-se que pode estar relacionada ao traumatismo ou apinhamento exagerado. A concrescência é vista mais comumente em associação com o segundo e terceiro molares superiores.

 

  • Dilaceração – Refere-se a ima curvatura ou angulação insólita das raízes dentárias. A causa desta condição tem sido relacionada com o traumatismo durante a formação da raiz. O deslocamento da coroa, ou da coroa e parte da raiz, do resto da raiz em desenvolvimento pode resultar em angulação fechada depois que o dente completa o desenvolvimento.

 

  • Dente evaginado – Esta é uma condição de desenvolvimento relativamente comum, afetando predominantemente os pré-molares. Tem sido relatada quase exclusivamente em pessoas da raça mongólica. O defeito, freqüentemente bilateral, é representado por tubérculo ou cúspide anômalos, localizado no centro da superfície oclusal. O desgaste judicioso do dente antagonista ou do tubérculo acessório para estimular a formação da dentina secundária pode impedir as seqüelas periapicais associadas com este defeito.

 

  • Taurodontia – este termo refere-se a dentes que possuem coroas alongadas ou furcas deslocadas no sentido apical, dando em conseqüência câmaras pulpares com altura apical-oclusal aumentada. A taurodontia pode ser vista como um incidente isolado em famílias, em associação com síndromes tais como as de Down e Klinefelter e em populações primitivas do passado. A taurodontia é de pouco significado clínico. Não requer tratamento.

 

  • Raízes supranumerárias – As raízes acessórias são vistas mais comumente em caninos, pré-molares, molares inferiores. Raramente são encontradas em dentes anteriores superiores e incisivos inferiores. O reconhecimento radiográfico de um número extraordinário de raízes se torna importante quando se torna necessário fazer extrações ou obturações de canais radiculares.

 

  • Pérolas de esmalte – Glóbulos de esmalte ectópico ou as chamadas pérolas de esmalte podem ser encontradas ocasionalmente nas raízes dentárias. Ocorrem mais comumente na bifurcação ou trifurcação dos dentes, porém podem aparecer também em pré-molares com uma única raiz. Os molares superiores são afetados mais freqüentemente do que os molares inferiores.

 

  • Pulpite – É a resposta primária da polpa dentária à agressão não difere significativamente das observadas nos outros tecidos. Quatro tipos principais de estímulos nocivos são causas freqüentes da inflamação pulpar: dano mecânico, injúria térmica, irritação química, efeitos bacterianos. A pulpite pode ser classificada como aguda ou crônica; subtotal ou generalizada; infectada ou estéril. A pulpite reversível denota um grau de inflamação pulpar no qual o tecido é capaz de retornar ao estado normal se os estímulos nocivos forem removidos. A pulpite irreversível significa que foi desenvolvido um nível mais alto de inflamação o qual a polta dentária sofreu um dano além da possibilidade de recuperação. Clinicamente na pulpite reversível os dentes quando expostos a temperaturas extremas apresentam dor de intensidade leve a moderada, de curta duração. O contato com alimentos doces ou ácidos e com refrigerantes também pode causar dor. Os pacientes com pulpite irreversível precoce costumam sentir uma dor aguda, acentuada após estímulo térmico, e a dor continua após cessado o estímulo. Na pulpite crônica hiperplásica apresentam grandes exposições da polpa, nas quais já se perdeu toda a dentina do teto da câmara pulpar. A pulpite reversível é tratada pela remoção do irritante local. Algumas vezes é necessário o uso de analgésicos. As pulpites irreversíveis e crônicas hiperplásicas são tratadas por extração ou por tratamento endodôntico.

 

  • Cisto periapical – O epitélio do ápice de um dente necrosado presumivelmente pode ser estimulado pela inflamação para formar um cisto verdaderiamente revestido por epitélio ou cisto periapical. Cisto periapicais – os pacientes com cistos periapicais não apresentam sintomas, a menos que exista uma exacerbação inflamatória aguda. Com o crescimento do cisto, podem ocorrer mobilidade e deslocamento dos dentes adjacentes. O padrão radiográfico é idêntico ao do granuloma periapical. Os cistos podem desenvolver-se mesmo como radiotranparências periapicais pequenas, e o tamanho radiográfico da lesão não pode ser utilizado para o diagnóstico definitivo. Cisto radicular lateral – O cisto radicular lateral apresenta-se como radiotransparência discreta ao longo da porção lateral da raiz. A perda da lâmina dura e uma fonte de inflamação óbvia podem não ser detectadas sem um alto índice de suspeição. Cisto periapical residual – Apresenta-se como uma radiotranparência de forma circular a oval, de tamanho variável, no interior do processo alveolar no sítio de uma extração prévia. As características histopatológicas dos três tipos  cistos inflamatórios são semelhantes. O cisto periapical é tratado da mesma maneira que o granulama periapical. Os cistos de origem inflamatória são recidivam após um tratamento adequado.

 

  • Granuloma periapical – Refere-se a massa de tecido de granulação eronicamente inflamado, no ápice de um dente desvitalizado. A maioria dos granulomas periapicais é assintomática, mas pode desenvolver dor ou sensibilidade se ocorrer um exacerbação aguda. O tecido mole que recobre a região periapical pode ou não estar sensível. Grande parte das lesões é descoberta durante exames radiográficos de rotina. A lesão pose ser bem delimitada ou mal definida. O tamanho é variável, ocorrendo como lesões pequenas, pouco perceptíveis, até radiotransparência excedendo2 centímetrosde diâmetro. Histopatologicamente os granulomas periapicais consistem em tecido de granulação inflamado, circundado por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. As lesões inflamatórias apicais resultam da presença de bactérias ou de seus produtos tóxicos no canal radicular, nos tecidos apicais ou em ambos.

 

  • Abcesso periapical -  É o acúmulo de células inflamatórias agudas no ápice de um dente necrosado. Devem ser classificados em sintomático e assintomático. Os abscessos periapicais tornam-se sintomáticos à medida que o material purulento se acumula no interior do alvéolo. Os estágios iniciais produzem sensibilidade do dente afetado, muitas vezes aliviada pela aplicação direta da pressão. Radiograficamente, os abscessos podem apresentar um espessamento do ligamento periodontal apical, uma radiotransparência mal definida. A secreção purulenta pode-se estender através dos espaços medulares adiante da área apical, resultandoem osteomielite. Osabscessos dentários também podem canalizar-se através da pele suprajacente e drenar por uma fístula cutânea. O tratamento do paciente com um abscesso periapical consiste na drenagem e eliminação do foco de infecção.

 

  • Celulite – É uma extensão aguda e edemaciada de um processe inflamatório agudo. Duas formas especialmente perigosas: a angina de Ludwing e a trombose do seio cavernoso. A angina de Ludwing é uma celulite agressiva que se espalha rapidamente pelo assoalho da boca, regiões sublingual e submandibular. A angina de Ludwing origina tumefação volumosa do pescoço, que em geral estende-se até a clavícula. O envolvimento do espaço sublingual resulta em elevação, alargamento posterior e protusão da língua. Embora inicialmente unilateral, a extensão para a porção contralateral do pescoço ocorre caracteristicamente. A dor no pescoço e no assoalho da boca pode ser observada, adicionada à restrição de movimento do pescoço, disfagia, difonia, disartria, sialorréia e garganta dolorida. A trombose do seio cavernoso apresenta-se como um aumento edemaciado periorbitário, com envolvimento das pálpebras e da conjuntiva. É possível a ocorrência de febre, calafrios, dor de cabeça, sudorese, taquicardia, náusea e vômito. Com a progressão desenvolvem-se sinais de envolvimento do sistema nervoso central. Tratamento: o tratamento da angina de Ludwing concentra-se em torno de quatro atitudes – manutenção das vias aéreas, incisão e drenagem, antibioticoterapia e eliminação do foco infeccioso original, sendo o mais importante deles a manutenção das vias aéreas; na trombose do seio cavernoso a pedra angular da terapêutica para a trombose do seio cavernoso secundária a infecção dentária é a drenagem cirúrgica combinada com altas doses de antibióticos, semelhante àquela administrada a pacientes com angina de Ludwing.

 

  • Osteomielite – Pode ser um processo inflamatório agudo ou crônico nos espaços medulares ou nas superfícies corticais do osso que se estende além do sítio inicial de envolvimento. A osteomielite aguda ocorre quando um processo inflamatório agudo se estende através dos espaços medulares do osso e o tempo insuficiente para o corpo reagir em presença de infiltrado inflamatório. A osteomielite crônica existe quando a resposta de defesa tecidual leva à produção de tecido de granulação, o qual subseqüentemente forma uma cicatriz densa na tentativa de remover a área infectada. Tratamento : osteomielite aguda – se é notada a formação óbvia de abscesso, o tratamento consiste em antibioticoterapia e drenagem; Osteomielite crônica – é de difícil tratamento medicamentoso, pois as cavidades de osso necrosado e os microorganismos são protegidos dos antibióticos pela cápsula de tecido conjuntivo fibroso circunjacente.

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