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Erosão Ácida

Erosão Ácida – Um Problema Significativo

A erosão ácida é um desgaste que ocorre na superfície do dente, causando uma perda do esmalte dental e muitas vezes, chegando a expor a dentina e o cemento (raiz do dente), onde ficam situados os canalículos dentinários, que são os responsáveis pelo estímulo nervoso, causando a hipersensibilidade dentinária, perda da forma e da cor do dente.

CAUSAS
A erosão ácida é causada principalmente pelo alto consumo de bebidas e alimentos ácidos como: vinhos, refrigerantes, vinagre, frutas (limão, abacaxi, laranja etc.) e o tempo e a frequência de exposição do dente a esses alimentos, que desmineralizam e amolecem a superfície do dente, tornando-o mais susceptível à abrasão, especialmente através da escovação.

ESTADOS INICIAIS
* sensibilidade no momento do consumo de comidas ou bebidas frias;
* aspecto arredondado da superfície do dente;
* os dentes tornam-se amarelados à medida que os ácidos desgastam o esmalte e a dentina subjacente vai sendo exposta;
* o desgaste gera uma aparência polida e brilhante.

“Em todas as pessoas, ocorre algum grau de desgaste dental ao longo da vida, mas em alguns indivíduos o desgaste alcança níveis patológicos”

ESTADOS AVANÇADOS
* coloração ainda mais escura dos dentes;
* transparência dos bordos incisais;
* pequenos traços de fratura nos bordos incisais;
* sensibilidade severa;
* pequenas fossas na superfície dos dentes.

PREVENÇÃO?
Os efeitos da erosão ácida podem afetar pessoas de todas as idades e, uma vez presentes, não podem ser revertidos. A proteção é a melhor política.
* Diminuição do consumo destes alimentos e bebidas;
* Evitar fazer o uso destes, em intervalos de tempo curtos, pois a saliva leva 30 min para poder fazer a remineralização do esmalte dental;
* Não bochechar refrigerantes e bebidas gasosas/ácidas;
* Não mastigar frutas por períodos prolongados de tempo;
* Evitar escovar os dentes logo após a ingestão de alimentos e bebidas ácidas, pois neste momento o dente se encontra mais vulnerável;
* Escovar os dentes com escova macia, com movimentos suaves (sem força) e creme dental de baixa abrasividade, isenta de ácidos e com alto teor de flúor biodisponível. Evite pastas clareadoras.

TRATAMENTO
Em casos avançados, a perda de estrutura e mudanças na forma dos dentes podem exigir complexa intervenção restauradora. Procurar o dentista para ver o que se pode fazer em casos de sensibilidade e, quando o desgaste já comprometeu a estética poder fazer o tratamento adequado.

A erosão ácida é um dano causado pelos ácidos – frequentemente proveniente dos alimentos , que enfraquece a superfície  do dente, provocando o escurecimento do esmalte, e grande sensibilidade a certos alimentos, devido perda de camadas externas do esmalte do dente.

Intimamente associada à dieta moderna, prevê-se que a erosão ácida venha a ser um problema emergente para saúde dental do século XXI.

DIETAS ÁCIDAS

Uma ampla variedade de alimentos que podem estar associados à dieta moderna tem PH ácido.

Certos refrigerantes, vinho, frutas cítricas, tem PH ácido. Há fortes evidências que sugerem que não devemos reter na boca  alimentos ou bebidas ácidas, pois isso prolonga a exposição da superfície dos dentes ao ataque dos ácidos contidos na dieta. Aumentando, portanto, o risco de erosão. Beber em grandes goles ou “bochechando”, pode aumentar a velocidade e a força do contato da bebida ácida com os dentes. Devemos usar canudo colocando no fundo da boca, longe dos dentes.

Os alimentos ácidos não precisam ser necessariamente evitados.

É necessário, porém, que se tome cuidado quanto à frequência e o modo como eles são consumidos para reduzir o risco de erosão ácida.

Na Europa, a erosão é geralmente considerada como a causa mais prevalente de desgaste do dente. A fonte do ácido pode ser de origem gástrica (intrínseca) ou da dieta (extrínseca).

Mecanismo: Após ingerirmos alimentos ácidos, ocorre o contato do ácido com a superfície do dente que se enfraquece temporariamente e perde parte do seu conteúdo mineral, cerca de 3-5 micra da superfície externa. Esta camada externa do esmalte fica então desorganizada, se em seguida fizermos uma  escovação forte, com uso de creme dental abrasivo, vamos remover esta camada externa de esmalte, promovendo então a Erosão do esmalte.

Dica: “Não devemos escovar os dentes logo após a ingestão de alimentos ácidos”. Devemos lavar a boca com água, esperar uns 60 minutos para então, realizarmos a escovação, dando tempo para a camada externa do esmalte se reorganizar.

Se for inevitável a escovação, devemos lavar primeiro com água, escovar com escova macia, de forma eficaz, porém suave e sem cremes abrasivos. Se não agirmos assim podemos estar ajudando, com a abrasão da escova  a promover a Erosão Ácida.

Normalmente as pessoas não percebem a erosão do esmalte até ela ter alcançado um estágio muito avançado, levando então a uma sensibilidade severa a doces, alimentos frios, e aos próprios alimentos ácidos. A erosão também leva a uma aparência amarela escura dos dentes.

Qualquer dúvida consulte o seu dentista

Para mais informações acesse:   www.erosaoacida.com.br

Doença, que afeta a sensibilidade e o formato dos dentes, é causada pelo excesso de acidez na alimentação

A erosão ácida já é considerada a doença odontológica do século XXI. Sua principal característica é o desgaste dos dentes, o que está diretamente ligado aos atuais hábitos de consumo. Bebidas e alimentos ácidos estão sendo ingeridos em excesso. “Esses produtos retiram minerais e amolecem a superfície dos dentes, o que pode causar a deterioração dental”, afirma a odontóloga Roseane Borges de Lima, do Centro de Excelência em Reabilitação e Estética Oral (CIR).

Na medida em que progride, a erosão ácida causa hipersensibilidade, perda de forma e de cor nos dentes. O processo em geral é lento. “Sem saber que possuem o problema, as pessoas não procuram tratamento, tampouco sabem como prevenir o problema. A erosão ácida é cada vez mais comum entre os jovens”, alerta Dra. Roseane.

A prevenção passa pelo controle da alimentação e pela correta higienização dos dentes. Entre os alimentos e bebidas, que devem ser consumidos com moderação, estão as frutas cítricas, sucos, refrigerantes e vinhos, que possuem PH abaixo de 7 (veja lista). O ácido enfraquece temporariamente a superfície do esmalte. Com a escovação, o dente acaba se desgastando. Nesses casos, é importante usar escovas suaves, além de cremes dentais pouco abrasivos, com pouca acidez e com boa disponibilidade de flúor.

Se a erosão ácida já foi diagnosticada, para devolver ao dente a forma perdida, podem ser usadas resinas fotopolimerizadas. “Recupera-se a textura, o brilho e o formato do dente. Dependendo do caso, a correção é feita em uma única consulta”, afirma a protesista. Com o tratamento, o dente volta a ter o esmalte que protege a dentina, camada que prolonga os nervos da região bucal. É ela que, quando exposta, causa sensibilidade.

Alimentos e Bebidas Ácidas :: PH*
Suco de Limão :: 2 – 3,6
Uva / Suco de Uva :: 2,9 – 4,5
Vinagre :: 3,2
Maçã :: 3,3 – 3,9
Laranja :: 3,3 – 4,5
Damasco :: 3,3 – 4,8
Vinho Tinto :: 3,4
Molho para Salada :: 3,6
Tomate :: 4,3 – 4,9

*Quanto mais distante o PH é de 7, mais ácido é o alimento.

 

Dentes Vulneráveis: Saiba evitar os efeitos da erosão ácida   

Especialistas alertam para mais um problema relacionado à alimentação inadequada. O consumo de alimentos ácidos em excesso e sem cuidados tem acelerado o desgaste natural dos dentes. Mais devastadora que a cárie, a erosão ácida deixa a dentição sem brilho e amarelada ao longo do tempo. Além de extremidades transparentes, os dentes apresentam, ainda, sensibilidade à ingestão de bebidas e alimentos quentes ou frios, a frutas cítricas, refrigerantes e saladas com vinagre.

Diferentemente da cárie, a erosão dental não é causada pelo processamento do açúcar feito por bactérias, mas pela ação da substância ácida presente em bebidas energéticas, sucos industrializados e vinho, por exemplo. É o consumo constante de alimentos com baixo PH (potencial hidrogeniônico) que leva o esmalte do dente a amolecer. Qualquer pessoa é susceptível ao problema, principalmente quem costuma substituir a água por outras bebidas, inclusive as crianças. O hábito de bochechar refrigerantes ou sucos cítricos, por exemplo, torna o dente mais vulnerável aos efeitos da abrasão.

O esmalte é a primeira camada, mais externa, responsável pela proteção da polpa. Abaixo dessa estrutura fica a dentina, onde se localiza a cavidade pulpar. O esmalte e a dentina vão se deteriorando ao longo do tempo, até comprometer o nervo. Atualmente, há muitos alimentos ácidos compondo nossa dieta, o que leva ao desgaste do esmalte, uma barreira natural contra agentes externos, que protege a estrutura e evita a sensibilidade dentária.

Dor aguda

A hipersensibilidade do dente é um reflexo da exposição da dentina, decorrente do desgaste do esmalte e/ou do cemento. A sensação de dor aguda durante a ingestão de bebidas e alimentos frios ou ácidos é um sintoma do desgaste dental. Além de atrapalhar a alimentação, o problema pode impedir a manutenção dos hábitos de higiene bucal, pois o simples toque durante a escovação já é suficiente para causar dor.

Na fase inicial, o desgaste dental parece inofensivo. No entanto, a evolução do quadro pode levar à danificação de todos os dentes. Há outras causas para o problema, além do hábito de bochechar bebidas gasosas ou consumir produtos ácidos constantemente, a escovação forte e refluxo gastroesofágico, em que ácidos do estômago são liberados, também têm influência no desenvolvimento da erosão dental.

A comunidade científica começou a ficar alarmada com o problema depois que os resultados de uma pesquisa com esportistas norte-americanos revelaram que 85% dos ciclistas e em 36% dos nadadores apresentavam erosão ácida. O quadro foi associado ao excesso de bebidas energéticas (isotônicas), consumidas para repor a água e os eletrólitos perdidos durante as atividades. Estima-se que, atualmente, 60% da população mundial tenha ao menos um dente com erosão.

Saiba mais

• Tomar refrigerantes ou sucos cítricos no canudo e sem bochechar reduz o contato da substância ácida com os dentes.

• Mascar chiclete ou pastilha sem açúcar depois da refeição ajuda a estimular a saliva, que neutraliza a acidez e remineraliza o esmalte.

• Esperar uma hora, em média, para escovar os dentes depois da refeição, dando tempo para que o esmalte seja fortalecido pela ação da saliva.

• Usar escovas macias e creme dental fluoretado e pouco abrasivo.

Bulimia

BULIMIA E ODONTOLOGIA

 

Pessoas com bulimia, para evitar o ganho de peso com esse episódio de compulsão alimentar, costumam usar métodos inadequados de compensação, acreditando que desta forma poderão proporcionar a perda de peso, com a autoindução de vômitos, abuso de diuréticos e laxantes, moderadores de apetite, atividade física excessiva, entre outros (quando não, a morte)

Esses métodos trazem prejuízos físicos consideráveis ao indivíduo, como alterações do sistema gastrointestinal (esofagite, gastrite, sangramentos intestinais), alterações dentárias, alterações hormonais e principalmente psíquicas, como a depressão e ansiedade.

Especificamente na odontologia há algumas descrições de cáries dentárias e desgastes por causa do suco gástrico e aumento das parótidas, devido aos vômitos constantes.

Causa e efeitos
Transtornos alimentares, como bulimia e anorexia, provocam diversas lesões bucais. A observação delas pelo CD é essencial para o diagnóstico precoce do problema



Aumento de cárie, erosão dental, projeção das restaurações (“ilhas” de amálgama), bruxismo, hipersensibilidade dentinária, mucosites, queilites, gengivites. Estas são algumas das alterações bucais que os transtornos alimentares, como bulimia nervosa, anorexia nervosa e o comer compulsivo podem provocar. Apesar de alguns deles serem problemas odontológicos comuns, que geralmente requerem trata- mentos simples, o profissional deve estar atento para o que pode estar por trás deles, abordando o paciente e sua saúde de forma integral e sistêmica.Para que se entenda o desenvolvimento das afecções do sistema estomatognático decorrentes dos transtornos alimentares, Maria Carméli Correia Sampaio, doutora em Estomatologia pela Univer- sidade de São Paulo (USP) e professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), chama a atenção para a necessidade de com- preender que esse sistema se compõe de duas partes: uma dura, representada por elementos dentários e ossos, com especial im- portância para a articulação temporo mandibular, e uma mole, composta por músculos, vasos, nervos e espaços vazios. Ela salienta que estas estruturas estão em constante atividade, se modificando-se

frequentemente durante toda a vida, sendo facilmente afetadas pelos distúrbios alimentares, que podem interferir nas estruturas bucais com manifestações clínicas bastante genéricas ou específicas.

Não é de hoje que a cirurgiã-dentista Rosana Ximenes sabe bem da relação existente entre Odontologia e transtornos alimentares. Há seis anos ela estuda o assunto, que foi tema de sua especialização e mestrado em Odontopediatria, realizado na Faculdade de Odontologia de Pernambuco, e também do doutorado em andamento na área de Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Segundo Rosana, as manifestações bucais são, muitas vezes, os sintomas mais facilmente detectados nos portadores de transtornos alimentares, porque eles tendem a esconder a doença de amigos e familiares e estes sintomas são evidentes para o cirurgião-dentista. “Pela possibilidade de identificar estas alterações num simples exame clínico rotineiro, o profissional de Odontologia tem um papel importante no diagnóstico clínico da doença.”

Além disso, se as lesões odontológicas forem tratadas, mas suas verdadeiras causas não, o paciente ainda vai estar doente e as alterações bucais continuarão provocando prejuízos à saúde bucal, muitas vezes, irreversíveis, como o escurecimento dos dentes pela erosão dentária e alterações causadas pelo bruxismo. “Não adianta pensar apenas na parte odontológica e esquecer o problema geral do paciente. É preciso encaminhá-lo para o tratamento, pois os transtornos alimentares possuem alta taxa de mortalidade e o prognóstico nem sempre é favorável”, observa a CD.

Os sinais que a boca dá

Diferentes mecanismos desencadeados pelos transtornos provocam problemas odontológicos e acabam alterando e prejudicando o sistema estomatognático como um todo. Os portadores de bulimia nervosa, caracterizada pela ingestão compulsiva de alimentos seguida de indução ao vômito, geralmente desenvolvem erosão dental, principalmente nas faces palatinas dos dentes anteriores, provocada pelo consumo de substâncias ácidas, orgânicas ou inorgânicas, e pela regurgitação do suco gástrico. Tal fato elevaria a taxa de erosão em 31 vezes a mais que nos indivíduos normais. Nestes pacientes também podem ocorrer “ilhas” de amálgama, produzidas pela deterioração do esmalte adjacente à restauração. Segundo a odontopediatra Rosana, em casos graves, as bordas incisais dos dentes são prejudicadas, produzindo coroas clínicas curtas e aparência de pseudomordida aberta.

Os transtornos alimentares provocam, ainda, aumento na ocorrência de cáries, causada pela maior ingestão de carboidratos pelo paciente que sofre de comer compulsivo ou durante o período da hiperfagia – quando o bulímico ingere grande quantidade de alimento – e pela diminuição do pH salivar devido ao vômito. O portador de transtornos alimentares tende a descuidar da higiene oral.

Também pode ocorrer o intumescimento das glândulas salivares e edemas nessas áreas. A etiologia desse processo ainda não é bem conhecida, mas acredita-se que está relacionada à grande ingestão de carboidratos, à má nutrição, à regurgitação dos ácidos gástricos e à alcalose metabólica, que é o excesso de base (ou falta de ácido) no sangue e é causada pela perda de ácido pela urina, fezes ou vômito, ou pela transferência de íons H+ para as células.

A acidez do conteúdo gástrico regurgitado ainda ocasiona hipersensibilidade dentinária, piorada pela escovação vigorosa em seguida aos episódios de regurgitação; mucosites, também associadas ao trauma causado pela rápida ingestão de comida e pelo ato do vômito, e queilite. Esta última é favorecida pela má nutrição e deficiências vitamínicas, que provocam a diminuição no fluxo salivar, gengivite e outras alterações na gengiva e no periodonto.

Conseqüências generalizadas

A estomatologista Maria Carméli aponta que a xerostomia deixa a mucosa susceptível a infecções fúngicas e a modificações de textura e de coloração. Ressalta ainda as hipovitaminoses como responsáveis por sangramentos da mucosa, hálito fétido, úlceras, lesões tipo liquenóides, glossites (mudança de cor e despapilação da mucosa), síndrome do ardor bucal, retardo na erupção dos elementos dentários e no desenvolvimento da mandíbula, má-oclusão, entre outros. A especialista afirma que a carência de elementos macromi- nerais e microminerais pode comprometer as estruturas e os tecidos presentes na formação de elementos dentários. As deficiên- cias férricas causam problemas graves, inclusive incidência de neoplasias malignas, como câncer bucal, glossite com presença de dor, ardor e atrofia das papilas e disfagia.

Um fator levantado pela odontopediatra Rosana é que a gravidade da doença periodontal também sofre influência de distúrbios psiquiátricos e de estados de ansiedade. Além disso, o estresse e as mudanças oclusais por quais passa os portadores de transtornos alimentares fazem com que eles desenvolvam o bruxismo. Estes pacientes acabam tendo descontroles hormonais e tomando antidepressivos, o que desregula o fluxo salivar. A pesquisadora aponta outro detalhe que pode aparecer em pessoas com bulimia e a que os cirurgiões-dentistas devem ficar atentos: uma lesão no dorso da mão, como uma calosidade e pode evoluir para uma ulceração, conhecida como sinal de Russell, que surge pelo ato de provocar o vômito com os dedos.

A composição dos alimentos, bem como a sua consistência, desempenha papel fundamental nas afecções bucais e, no caso, afeta especialmente quem sofre de obesidade mórbida. Segundo a estomatologista Carméli Sampaio, conservantes, componentes químicos de sucos, refrigerantes e bebidas alcoólicas, entre outros, fazem parte do dia-a-dia alimentar do mundo moderno e, segundo os especialistas, são responsáveis por importantes mudanças estruturais na cavidade bucal e estruturas anexas. Podem acarretar o aparecimento de cárie pelo excessivo consumo de açúcares seguido de higiene deficiente, ingestão indiscriminada de alimentos e líquidos que trazem alterações na mucosa bucal ou no periodonto, e ocasionando perda precoce de elementos dentários. Ela chama a atenção para os distúrbios endócrinos, metabólicos e gástricos, a que os transtornos alimentares conduzem. Como exemplo, cita o diabetes, o hipotireoidismo, as doenças autoimunes, os distúrbios psicossomáticos, as hepatites e outras patologias de etiologias diversas, como as anemias e as hipo vitaminoses, entre outras.

No caso do cirurgião-dentista suspeitar que seu paciente sofra de anorexia por apresentar baixo peso, a odontopediatra Rosana alerta que essa característica sozinha não deve ser considerada um sintoma da doença, principalmente em se tratando de adolescentes, época em que ocorre o estirão de crescimento e eles apresentam físico bem magro. “O baixo peso precisa estar associado ao medo mórbido de engordar. A frequência e a constância com que ocorrem os transtornos são relevantes, além de outros sintomas,” diz.

Já Maria Carméli pontua que “as reações ou manifestações bucais na realidade são múltiplas e de variados aspectos e etiologias”. Ela sugere que os transtornos alimentares de comportamento, metabólicos, nutricionais e psicossomáticos, entre outros, devam ser vistos de forma multidisciplinar.

Processo científico


Processo inicial de erosão dental
Nas pesquisas que desenvolveu e ainda desenvolve sobre as interações entre transtornos alimentares e Odontologia, a cirurgiã-dentista Rosana Ximenes vem avaliando a ocorrência de sintomas da doença entre jovens e a frequência das lesões bucais entre os que têm indicativos de anorexia e bulimia.No mestrado, realizado na Faculdade de Odontologia de Pernambuco, participaram do estudo 1.217 jovens de escolas públicas e particulares de Recife e foi verificada uma prevalência de 17,4% de adolescentes com sintomas da doença. Não houve diferença significante entre os estudantes dos ensinos público e privado e entre o grau de escolaridade dos pais.

Mas em relação ao sexo, a prevalência foi maior entre as meninas. Para dar continuidade e aprofundar o estudo, o projeto de doutorado, ainda em desenvolvimento, está trabalhando com jovens de 12 a 16 anos que demonstraram ter sintomas dos transtornos, para avaliar os problemas bucais e as características depressivas e, a partir daí, desenvolver estratégias de prevenção e tratamento.

Nas avaliações realizadas, os adolescentes identificados com sintomas foram encaminhados para tratamento multidisciplinar, com acompanhamento psiquiátrico, psicológico, nutricional, com médicos hebiatras e outros profissionais necessários. “Se identificarmos precocemente a doença, através da observação dos sintomas e sinais clínicos, o paciente pode nem vir a desenvolvê-la”, avalia Rosana.

Além do exame odontológico clínico, as pesquisas lançam mão de questionários de auto aplicação específicos para identificar se o adolescente apresenta ou não sintomas dos transtornos. O Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26), versão brasileira do Eating Attitudes Test, mede comportamentos alimentares restritivos, como dieta e jejum, e relacionados à bulimia e anorexia. O EAT-26 não dá o diagnóstico, mas identifica pessoas com preocupações anormais com alimentação e peso.

No doutorado, Rosana também está aplicando o Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE), tradução do Bulimic Investigatory Test, Edinburgh, para ter mais pre- cisão nos resultados. Ele foi desenvolvido para identificar indivíduos com compulsão alimentar e avaliar os aspectos cognitivos e comporta- mentais relacionados à bulimia. Por fim, também utiliza o Questionário de Auto Avaliação da Escala de Hamilton para Depressão (QAEH-D), para identificação de sintomas depressivos. A pesquisadora e seus orientadores, Everton Botelho Sougey e Geraldo Bosco Lindoso Couto, ainda estão desenvolvendo questionário específico de identificação de lesões odontológicas.

Parte deste projeto foi desenvolvido no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para que Rosana pudesse acompanhar o tratamento de jovens com diagnóstico de transtornos de alimentação já confirmado, pois no Nordeste não há um centro que trate especificamente esses pacientes.

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Fonte: Revista ABO Nacional